Início de vida e educação
Michel Temer nasceu em 23 de setembro de 1940 em Tietê, interior do estado de São Paulo, e foi criado em um ambiente rural.[3][4] Filho de Nakhoul "Miguel" Elias Temer Lulia e Marchi Barbar Lulia, é o caçula de oito irmãos.[5] Católicos maronitas, seus pais e três irmãos mais velhos deixaram Betabura (Btaaboura), distrito de Koura, no norte do Grande Líbano, em 1925, e mudaram-se para Primeira Guerra Mundial.[3][6][7] No novo país, seu pai comprou uma chácara em Tietê e instalou uma máquina de beneficiamento de arroz e café, que rapidamente possibilitou a ascensão econômica da família.[3][8][9] Os costumes da região originária de sua família sempre estiveram presentes em sua vida. Temer não domina a língua árabe, mas consegue compreender o assunto de uma conversa nesse idioma. No decorrer de sua vida, visitou duas vezes a cidade natal de seus pais; a principal rua de Btaaboura chama-se "Michel Tamer (sic), vice-presidente do Brasil".[10][11][12]
o Brasil para fugirem dos problemas do pós-
Durante a infância, Temer sonhava em ser pianista, o que não pôde ser possível por não haver professores em sua cidade.[13] Na adolescência, desejava ser escritor.[14] Depois de ficar em recuperação nas disciplinas de química e física em seu primeiro ano de colegial, desistiu do "curso científico", que priorizava ciências exatas e biológicas. Em 1957, mudou-se para a cidade de São Paulo para concluir o colegial do "estilo clássico", formado principalmente por disciplinas das áreas de humanas e letras.[3]
Em 1959, seguindo os passos de quatro irmãos mais velhos, ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.[3][5] Em seu ano de calouro, envolveu-se com a política estudantil ao tornar-se o segundo-tesoureiro do Centro Acadêmico (CA) XI de Agosto. No ano de 1962, concorreu à presidência do CA, mas foi derrotado por uma diferença de 82 votos.[3] Um ano depois, graduou-se em direito pela USP.[15] Temer manteve-se neutro diante do golpe de 1964, e, com o início da ditadura, afastou-se do movimento estudantil.[3][14] Mais tarde, em relação ao seus anos como estudante na USP, declarou: "Confesso que durante a faculdade fiz muita política universitária, então embora estudasse, sobrava pouco tempo para estudar para não ser reprovado."[3]
Em 1974, concluiu doutorado em direito público na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).[16] Nesta especialização, foi orientado pelo professor de direito administrativo Celso Antônio Bandeira de Mello e sua tese virou seu primeiro livro: Território Federal nas Constituições Brasileiras, publicado pela Revista dos Tribunais.[14]
Carreira acadêmica
Em 1968, Temer passou a ministrar aulas de direito constitucional na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, onde deu aulas de direito civil e foi diretor do departamento de pós-graduação[5][17][18] Temer também foi diretor do Instituto Brasileiro de Direito Constitucional e membro do Instituto Ibero-Americano de Direito Constitucional.[19]
Em agosto de 1969, Temer começou a trabalhar na Faculdade de Direito de Itu (FADITU) como assistente do professor Geraldo Ataliba. Pouco tempo depois, assumiu como titular da cadeira de direito constitucional. Temer também foi vice-diretor (entre 1975 e 1977) e diretor (entre 1977 e 1980) na FADITU. Ele trabalhou neste educandário até 1984.[20][21]
Como professor, Temer costumava afirmar nos primeiros dias de aula que todos os seus alunos estavam aprovados: "Sou pago pra dar aulas e vocês pagam para que eu dê aulas, então quem tem que exigir minha presença são vocês. Se vocês não vierem à aula eu saio mais cedo e vou para o meu escritório trabalhar. Não passo lista de frequência e vocês estão todos aprovados desde já. Quem vai reprovar é a vida", dizia.[18][22]
Publicações
Temer publicou quatro obras principais e relacionadas as áreas jurídica e política. A mais famosa delas, Elementos de Direito Constitucional, foi publicado em 1982 e vendeu mais de 240 mil cópias.[18] O livro, de linguagem simples e que encontra-se em sua 24.ª edição, foca na organização do Estado brasileiro, priorizando explicações sobre o funcionamento dos três poderes constituídos. A obra divide opiniões: enquanto alguns elogiaram sua escrita clara sem muito "juridiquês", outros a consideraram muito superficial.[23] Outra obra importante é Território Federal nas Constituições Brasileiras, lançada em 1976. A obra constitui-se na melhor tese sobre a figura e o regime jurídico do território federal no Brasil, desde suas origens no início do século XX com a questão do Acre.[24]
Em 1994, Temer publicou o livro Constituição e Política, que aborda direito público e constitucional.[25] Seu livro Democracia e Cidadania, publicado em 2006, ressaltou a relevância do direito e incluiu alguns de seus discursos como deputado federal.[16] Em suas obras, mostrou-se simpatizante do parlamentarismo, defensor da Constituição, favorável ao recall, diminuição da carga tributária, contrário ao intervencionismo na economia e no Poder Judiciário, e a uma reforma do sistema fiscal.[23]
Por sua obra jurídica, Temer é um dos constitucionalistas mais citados pelo Supremo Tribunal Federal nos julgamentos em sede de controle de constitucionalidade entre os anos 1988 a 2012, conforme estudo divulgado nos sites Conjur[26] e Migalhas.[27]
Entretanto, considerou-se um escritor realizado apenas em 2013, quando publicou Anônima Intimidade, um livro de poemas e ficção.[28] Os mais de 120 poemas que compõem esta obra foram escritos em guardanapos durante suas viagens aéreas entre São Paulo e Brasília. Para Temer, escrever poemas o ajudava a recuperar-se da "arena árida da política legislativa".[23][29][30]
Carreira jurídica
Após sua formatura na Universidade de São Paulo em 1963, Temer começou a trabalhar como advogado trabalhista para um sindicato de vendedores viajantes de São Paulo.[14][31][32] Simultaneamente, trabalhou como oficial de gabinete de José Carlos de Ataliba Nogueira, seu antigo professor da USP e então Secretário da Educação de Ademar de Barros.[14][17] Juntamente com os advogados Paulo de Barros Carvalho, Celso Ribeiro Bastos e José Eduardo Bandeira de Mello, Temer abriu um escritório no centro de São Paulo. Como eram advogados iniciantes, não tinham muitos clientes. Em 1969, quando os quatro foram aprovados em concursos públicos, eles fecharam o escritório.[14]
Ao tornar-se assistente de Geraldo Ataliba na disciplina de direito constitucional na PUC-SP, começou a interessar-se por direito público e na ideia de prestar um concurso. Temer passou no concurso para o cargo de procurador do Estado de São Paulo, tomando posse em 1970 e sendo designado para a Procuradoria Administrativa, no subsetor Mandado de Segurança.[14][16] Em 1978, tornou-se procurador-chefe da Empresa Municipal de Urbanização de São Paulo.[33]
Durante o período em que era servidor público, advogou no escritório de seu irmão Fued Temer. Novamente com Celso Bastos, Temer abriu um novo escritório, que dessa vez também contava com a participação de Celso Antônio Bandeira de Mello e Geraldo Ataliba; depois de algum tempo, Bastos foi substituído por Adilson Abreu Dallari, assistente acadêmico de Bandeira de Mello. Em 1977, eles fixaram o escritório na esquina da Avenida Paulista com a Alameda Casa Branca. No começo, embora não tivessem formalizado uma sociedade, eles dividiam o trabalho, as despesas e os lucros. Com o passar do tempo, decidiram que cada um cuidaria dos seus casos, mas mantiveram a repartição dos gastos. Temer trabalhava nas áreas cível, empresarial e trabalhista. Ele permaneceu neste escritório até meados dos anos 1980.[14]
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